A arte que passa de mãe para filha, que vem por gerações sendo a fonte de renda de famílias e de uma comunidade.
No filme Aruanda, marco do movimento do Cinema Novo no Brasil, na década de 60, o paraibano Linduarte Noronha registrou a arte de barro do Talhado, a vida das louceiras e da comunidade.
Peças feitas de forma artesanal, do barro da terra, de forma orgânica, são consideradas as melhores louças de barro do Brasil, não só pelo produto em si, mas também pela história da comunidade, de luta, resistência, sobrevivência e trabalho.
Cada peça, cada panela, ponte, feitos de forma minuciosa pelas artesãs da Comunidade do Talhado, traz a marca do povo negro de Santa Luzia, da cultura negra, do movimento negro, da arte negra e da história de uma cidade, muitas vezes esquecida e silenciada.
Mesmo silenciado, à margem, o movimento negro de Santa Luzia sobrevive, de forma forte e corajosa, na música, na religiosidade, na arte, com Mané de Bia, com os sanfoneiros do Talhado, com a Festa do Rosário, com a Banda Cabaçal, com o Reisado da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, com o Top do Juiz, com a herança de um povo.
Santa Luzia, terra da cultura negra, do povo negro, precisa reconhecer seus valores, seu patrimônio, permitir voz e dar visibilidade para uma comunidade forte, rica e pujante, que nunca deixou de produzir arte e cultura como marca principal da sua existência.